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SUSANO CORREIA

  • Foto do escritor: julia ohno
    julia ohno
  • há 7 dias
  • 3 min de leitura

 

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Quem é: 

Susano Correia é um artista visual nascido em Palhoça (SC), graduado em Artes Visuais pela UDESC (2015), com especialização em gravura em metal e formação complementar em literatura teórica e escrita. É um artista contemporâneo que humaniza temas universais e pessoais com uma linguagem visual íntima e acessível, integrando arte e vida cotidiana.


Estilo, temas e relevância: 

  • Sua produção inclui pintura a óleo, desenhos, gravura, escultura e publicações. 

  • Seus trabalhos são poéticos e acessíveis, abordando temas universais — amor, solidão, melancolia, existência — através de figuras simbólicas e títulos como aforismos visuais.

  • É reconhecido por democratizar o acesso à arte: muitos espectadores tiveram o primeiro contato com uma galeria por meio de suas exposições, e suas obras circulam amplamente nas redes sociais.

  • Ele também é um dos artistas com maior número de imagens transformadas em tatuagens no Brasil, com mais de mil licenças vendidas para esse fim.


Susano Correia e a delicadeza de olhar para dentro: 


As obras de Susano Correia nos convidam a olhar para o que sentimos, mesmo quando não sabemos nomear. Há em suas figuras uma poesia que nasce da vulnerabilidade humana — corpos curvados, expressões contidas, gestos silenciosos. São imagens que falam de solidão, melancolia e amor, mas também das emoções e contradições que nos habitam enquanto seres humanos. 


Possíveis interpretações à algumas de suas obras: 


  • Homem se divertindo sobre as raízes de sua angústia 


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A obra mostra um homem aparentemente tranquilo, sentado ou equilibrado sobre as próprias raízes — uma metáfora potente para a ideia de que nossa angústia tem história, origem e repetição.

Na terapia, o contato com essas “raízes” nem sempre é confortável, mas é através da escuta e da repetição que podemos reconhecer os padrões que nos aprisionam. Susano parece ironizar esse processo: o “divertir-se” sobre as próprias dores é uma imagem ambígua — lembra que o autoconhecimento pode ser árduo, mas também libertador. Quando transformamos o sofrimento em curiosidade, começamos a sustentar a própria história sem ser inteiramente dominados por ela.



  • Homem Desconfortavelmente Em Si 

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Há figuras de Susano que parecem caber e não caber dentro de si mesmas. Essa obra fala desse mal-estar íntimo que todos, em algum grau, conhecemos: o desconforto de estar consigo mesmo.

O corpo se torna o cenário do conflito psíquico — o sujeito tenta se conter, mas transborda. Esse sentimento é próprio da experiência humana e, na psicanálise, indica o encontro com algo que nos escapa: o estranhamento diante do próprio desejo, das próprias contradições.

Susano transforma esse desconforto em imagem delicada, mostrando que habitar-se nem sempre é simples, mas é o início de qualquer processo de transformação.



  • Homem Protegido Debaixo De Um Sorriso Bobo

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Aqui, o artista toca em um tema sensível: a máscara do bem-estar. O sorriso, aparentemente ingênuo, torna-se abrigo — um modo de esconder a dor, de proteger-se do olhar do outro.

É uma imagem que remete à depressão silenciosa, aquela que se disfarça em gentilezas e piadas, mas guarda um vazio difícil de nomear. Sob o olhar psicológico, o “sorriso bobo” é a armadura que o sujeito cria para não ser atravessado pela própria vulnerabilidade.

Susano revela a ternura e a tristeza dessa defesa: o humano tentando parecer inteiro enquanto, por dentro, se sustenta em cacos.



  • Homem Quebrando A Cabeça Em Busca Da Peça Que Falta 


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Essa imagem ressoa diretamente com o pensamento de Lacan sobre a falta. A “peça que falta” é o que nos move: o desejo nasce justamente daquilo que nunca se completa totalmente.

O homem de Susano parece preso a essa busca — tentando encaixar o fragmento que o tornaria inteiro. Mas a impossibilidade de completude é também o que o mantém vivo.

Na psicanálise, reconhecer a falta é reconhecer o limite do controle e da razão. É aceitar que somos feitos de buracos, de enigmas, de espaços não preenchidos — e que é desse vazio que nascem o amor, a criação e o movimento.

A imagem, assim, fala do humano como um ser sempre em construção: quebrando a cabeça, mas também se reinventando a cada tentativa.


Fecho


As obras de Susano Correia nos lembram que o autoconhecimento não é um caminho de perfeição, mas de profundidade. Cada figura que ele cria parece sussurrar que viver é também se permitir incompleto — acolher o que dói, o que insiste e o que falta.

Assim como na terapia, suas imagens nos convidam a olhar sem pressa, a escutar o que se move em silêncio, e talvez descobrir que o que chamamos de cura é, muitas vezes, apenas a coragem de continuar sentindo.



Onde encontrar suas obras e mais sobre ele:

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